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Uma nova tradição

A “Via-Sacra de Maximinos” é um evento relativamente recente, que tem como objetivo tornar-se símbolo da Semana Santa de Braga. Diferente de todas as procissões da cidade, a “Via-Sacra de Maximinos” pede aos espectadores que a acompanhem e que sigam a história até à crucificação e ressurreição de Jesus Cristo.

A “Via-Sacra de Maximinos” começa sempre a ser preparada uns dias antes da sua apresentação, no domingo de Ramos. E quase sempre acontece num dia cheio de Sol.

Esta tradição começou em 2005, sendo a edição deste ano a 11ª.

Cerca de dois dias antes, podem-se ver escuteiros adolescentes a preparar as ruas para receber a celebração. Desde estacas a grades e, nos últimos anos, colunas de som e material de filmagem. À noite podem-se ouvir os ensaios, desde adolescentes a falar e a rir, até caixas e bombos.

De ano para ano, os espectadores têm aumentado. Este ano foram cerca de 6800.

Quando se chega a uma das estações, vê-se nada para além da escuridão da noite, iluminada por candeeiros públicos e as fogueiras preparadas anteriormente. Parece imagem saída de um filme. Até que as pessoas começam a chegar, lentamente. E só se ouvem passos. Acompanhados pela polícia, por bombeiros e uma ambulância.

Quando param nas estações, há uma pausa e fica silêncio. Até que alguém começa a cantar. E cantam bem, como nem sempre acontece. E lêem. Com sotaque carregado.

Hoje em dia, a via-sacra ouve-se um pouco por toda a freguesia. Mesmo que não se acompanhe a celebração, as colunas espalhadas pelas ruas permitem que toda a gente a ouça.

Fernanda, uma das espectadoras, diz que adora a via-sacra, porque a pode ver do portão de casa. “Nem tenho que sair de casa. É perfeito. Está mesmo aqui à porta. Dou dois passos para ver a via-sacra e dou dois passos e estou em casa, quando acaba. Este ano mostrei ao meu neto de um ano e meio e acho que ele gostou”, explica.

Sara acompanha o cortejo e comenta que assiste à via-sacra desde pequena e que para ela é “uma tradição de Páscoa como outra qualquer”.

O percurso, que começa no Largo do Penedo, é constituído por 15 estações que recriam diversos quadros e culmina no Monte de São Gregório, onde se encena a crucificação e ressurreição de Jesus Cristo.

O objetivo para a “Via-Sacra de Maximinos” é, segundo uma coordenadora, integrá-la na Semana Santa, tornando-a sinónimo em toda a cidade das “celebrações de Páscoa”, sendo a “abertura”, o ponto de partida desta semana.

Este evento tem vindo a caminhar nesse sentido e o seu crescimento e necessidades já levaram ao aumento do número de instituições colaboradoras. Inicialmente era apoiada pela diocese local e pela Junta de Freguesia, tendo agora alargado a instituições como os Escuteiros de S. Pedro de Maximinos e o Grupo Coral.

Um dos membros do Grupo Coral, Helena, comenta que assiste todos os anos, “até de muletas”, como este ano, porque considera o cortejo “uma cerimónia bonita, com muito significado e que é organizada por pessoas incríveis, que se esforçam imenso para fazer com que seja cada vez melhor”.

É realmente diferente. Não é um cortejo que passa por nós e em que somos apenas espectadores. É um cortejo que pede que o acompanhemos, que façamos parte dele. Para o próximo ano, uma das ideias, partilha uma coordenadora, é fazer com que o público se torne figurante no cortejo, de modo a participar efectivamente no evento, como parte realmente integrante do projecto.

Também pretendem apostar mais na divulgação do evento, não só regional, como nacionalmente, podendo assim atrair mais espectadores. O objetivo será também atrair espectadores estrangeiros, a seu tempo.

No fundo, ainda é uma celebração pequena e prezada pela população local, que continua a expandir, mas também a manter um pouco da sua originalidade e do que a destaca.

Fogueiras, pessoas a assistir de casa e canções e orações que continuam muito depois do cortejo ter passado são as marcas da “Via-Sacra de Maximinos”.

E é bem bonito.

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